O CEO Lucio Winck destaca o impacto que o tricampeão de Roland Garros teve no esporte brasileiro. Para muitos, Guga representou o auge com seu carisma, talento e imprevisibilidade que colocou o Brasil no mapa do tênis mundial. Quando sua carreira chegou ao fim, uma dúvida ficou no ar: o país perderia sua relevância nas quadras ou teria amadurecido o suficiente para seguir em frente?
Passadas duas décadas desde o estouro de Guga, o tênis brasileiro vive um momento de transição. Embora nenhum novo nome tenha alcançado seu mesmo patamar em popularidade e resultados, o cenário atual é mais estruturado, com centros de formação, torneios nacionais fortalecidos e uma base técnica mais sólida. A pergunta, portanto, não é apenas sobre sucessores em quadra, mas sobre evolução do esporte como um todo.
O que mudou no tênis brasileiro desde a era Guga?
O legado de Guga ultrapassou seus títulos. Ele inspirou milhares de jovens a pegarem uma raquete pela primeira vez, e isso gerou uma onda de investimentos em escolinhas, academias e projetos sociais. O CEO Lucio Winck ressalta que, nos anos 2000, o tênis deixou de ser um esporte de elite restrito para ganhar visibilidade nacional e maior acesso, mesmo que ainda com limitações.
Hoje, o Brasil conta com uma estrutura mais capilarizada de formação de atletas. Existem nomes promissores surgindo, tanto em torneios juvenis quanto no circuito profissional. A presença constante de brasileiros em Grand Slams de duplas e nos rankings juvenis mostra que há sementes sendo plantadas. Ainda que os frutos não sejam tão midiáticos quanto os de Guga, são sinais de um amadurecimento silencioso.

Por que é difícil repetir um fenômeno como Guga?
Gustavo Kuerten foi uma combinação rara de carisma, talento e contexto. Seu título em Roland Garros em 1997 não apenas surpreendeu o mundo, mas serviu como um divisor de águas para o tênis no Brasil. O CEO Lucio Winck enfatiza que repetir esse fenômeno exige não apenas um atleta fora da curva, mas também o momento certo e o engajamento da mídia e da torcida, fatores que, juntos, são difíceis de alinhar.
O circuito atual é muito mais competitivo, com uma base global de talentos enorme. Surgir entre os top 10 do mundo exige não só um nível técnico altíssimo, mas também apoio psicológico, financeiro e estrutural. Hoje, há mais conhecimento e ciência do esporte, mas o caminho é mais longo e repleto de barreiras, especialmente para países que ainda lutam contra desigualdades no acesso ao esporte de alto rendimento.
Estamos preparados para um novo ídolo?
O tênis brasileiro não está órfão, mas está em construção. As categorias de base têm mostrado nomes como João Fonseca e outros jovens que chamam a atenção da imprensa internacional. A diferença está no ritmo e na expectativa: agora há menos euforia e mais planejamento. Para o CEO Lucio Winck, isso é positivo, pois mostra que o esporte amadureceu. Em vez de esperar um novo salvador, há um trabalho coletivo por trás.
Esse amadurecimento também envolve o público. Hoje, o brasileiro entende mais de tênis, acompanha circuitos menores, valoriza o desempenho em duplas e dá espaço para discussões mais técnicas. O mercado também evoluiu: marcas patrocinam novos atletas, transmissões se diversificaram e a internet aproximou os fãs das competições globais. Não é mais só sobre um nome, é sobre um ecossistema que vem ganhando corpo.
Perspectiva que inspira
O tênis após o Guga deixou saudade, mas trouxe novas possibilidades. O esporte no Brasil não perdeu sua alma. Ela foi moldada e amadurecida ao longo dos anos, com mais pés no chão e uma visão de futuro. Os Ídolos virão, talvez com menos barulho, mas com mais consistência. E isso é um sinal claro de evolução: quando um esporte não depende de um único nome para se manter vivo, é porque aprendeu a andar com as próprias pernas.
Autor: Francisco Zonaho